Colaborar ou não colaborar: eis a questão!

Cris Ferri
3 min readJun 25, 2019

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Dias atrás, fui provocado a falar, em um evento, da minha experiência no trabalho com redes de colaboração. Explico melhor. Já há alguns anos participo de redes sobre diversos temas de meu interesse, como democracia digital, inovação no serviço público, crowdlaw e por aí vai.

Acredito que você faça o mesmo. São geralmente ambientes de colaboração, onde trocamos artigos, ideias e ajudamos em algum projeto de alguém. Assim como recebemos ajuda desses mesmos colegas das redes nos nossos projetos. Isso se chama colaboração em rede. E acontece em grupos de Whatsapp e Telegram, assim como no Twitter, Facebook, LinkedIn, emails, Google docs, etc. Também de alguma forma no Instagram.

Daí resolvi fazer uma enquete simples em algumas dessas redes com a seguinte questão:

Você é servidor público e gasta parte do seu tempo colaborando de maneira informal com outros projetos de outros órgãos da área pública e até da sociedade civil. Pode isso, Arnaldo?

Opção 1: Não, você foi contratado para se dedicar integralmente a sua instituição.

Opção 2: Sim, pois ao participar de redes colaborativas você pode agregar valor para o poder público de maneira geral, aprende coisas novas, intensifica seu networking e tudo isso pode reverter positivamente de alguma forma para sua própria instituição

A grande maioria do povo escolheu a opção “sim”. Curiosamente, o pessoal do Twitter escolheu majoritamente a opção 1.

Aí temos alguns pontos interessantes para refletirmos. Talvez o mais polêmico deles seja: servidores públicos podem utilizar parte do seu tempo no trabalho para colaborar com outros projetos de outros órgãos públicos? Vamos dificultar agora. Podem também esses mesmos servidores públicos colaborar em projetos que envolvam a sociedade civil e talvez startups?

Algumas pessoas que deram o voto pelo “não”, de alguma forma, pensam que o servidor público deve ter uma atuação circunscrita aos desígnios da sua função, seguindo a máxima legal “cabe ao servidor público fazer apenas o que a lei determina”.

Obviamente que estou com o pessoal do “sim” e coloco aqui meus argumentos porque devemos ter uma visão mais abrangente de atuação do servidor público nos tempos de hoje. Ao participar de algumas redes de colaboração e auxiliar na construção de outros projetos, pelo princípio da reciprocidade, consigo o apoio eventual para projetos do meu trabalho.

E conseguindo a participação de pessoas altamente qualificadas para opinar e mesmo analisar elementos de um projeto de interesse público em que esteja trabalhando como servidor, estou agregando um enorme ativo para o projeto. E o benefício para o interesse público é maior.

Dou um exemplo: outro dia um parlamentar que assumiu recentemente uma área de interação da Câmara me pediu ideias de como modernizar essa área. Joguei a pergunta para algumas dessas redes. Em poucos minutos, recebi material de primeiro nível de colegas servidores e especialistas que estavam atuando nesse assunto há algum tempo.

Repassei na hora para o parlamentar esse material. Afinal, material qualificado de quem entende o assunto chegando fresquinho na sua mão vale ouro, não vale? Economiza horas e dias de pesquisa, no mínimo.

Faz sentido? Coloca aí sua opinião.

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Cris Ferri
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Written by Cris Ferri

Gestor e professor de inovação na área pública, curioso incansável, eterno inquieto, apreciador da boa cerveja e motorista de filhos.

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